quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Estresse como fator de risco à hipertensão

O que é o estresse?

  A Hipertensão Arterial é uma doença complexa quando se observa os caminhos, ou seja, os fatores que culminam no estado de hipertenso de um indivíduo. Entre esses vários fatores, se destaca atualmente o estresse.
  Cada vez mais, pesquisas têm ressaltado a relação do estresse com o surgimento da hipertensão arterial. Já foi demonstrado que os tradicionais fatores de risco (obesidade, tabagismo, idade, sexo e outros) correspondem a apenas metade dos casos de doenças cardiovasculares, sendo as influências emocionais um dos principais desencadeadores.
    A conturbada vida nos grandes centros urbanos, as decisões no trabalho, a família, a violência, os congestionamentos cada dia maiores e muitas outras situações que são cotidianas nas nossas vidas geram um desequilíbrio no organismo e, por isso, são considerados fatores estressores. Essas situações anteriormente citadas são consideradas agentes estressores negativos e de amplo conhecimento popular, entretanto, situações prazerosas também são consideradas estressores por também causarem desequilíbrios que geram as mesmas reações no organismo.
  Sendo assim, o estresse pode ser definido como uma cascata de reações neuroendócrinas e bioquímicas criadas pelo organismo para gerar uma resposta (que pode durar milissegundos ou dias)  frente a uma situação que demanda uma atitude de fuga ou enfrentamento. Todas essas reações que ocorrerão no corpo buscam manter a homeostase do organismo.

Primeiro estudo do estresse


   O primeiro experimento que demonstrou as reações do organismo diante de estressores foi realizado pelo endocrinologista Hales Selye, na universidade canadense de McGill, em 1936.

Buscando novos hormônios na placenta, Selye observou várias mudanças quando se injetava certa quantidade de substrato da própria placenta nos ratos estudados. Entretanto, concluiu que essas mudanças não poderiam ser consequência do substrato placentário que fora injetado, visto que até mesmo os ratos de controle, que foram injetados com placebo, apresentaram as mesmas reações. Sendo assim, Selye supôs que a injeção e/ou a manipulação durante o experimento seriam as causas dessas variações.

   Para confirmar essa hipótese, os ratos receberam diversos estímulos como frio, excesso de exercícios, intoxicação e injúria tecidual e, mesmo com os vários estímulos diferentes, apresentaram os mesmos resultados. Sendo assim, Selye concluiu que, na verdade, se tratava de uma reação geral de alarme que adaptava o organismo a uma determinada situação sendo chamado posteriormente de síndrome de adaptação geral, que causava úlceras gástricas, hipertrofia das glândulas adrenais e uma diminuição do baço, timo e gânglios linfáticos.

  Quando, em 1936, a pesquisa foi publicada na revista Nature, o termo reação de alarme foi substituído pela palavra stress que se consagrou em várias línguas e era empregado desde 1658 para se referir à forças de deformação em um material.

Introdução à Fisiologia do estresse

A reação de cascata ocasionada pelo estresse é realizada pelo sistema nervoso autônomo (SNA) e pelo eixo hipófise-hipotálamo-adrenal (HHA) além de outras regiões que permitem ações complementares na resposta do organismo.
Por meio da inervação dos órgãos-alvo, o SNA (simpático e parassimpático) é o responsável pela resposta mais rápida ao agente estressor, mudando rapidamente os estados fisiológicos do organismo como, por exemplo, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial por meio da liberação dos hormônios adrenalina e noradrenalina. Como consequência do sistema parassimpático, essa resposta diminui rapidamente.
O estresse também irá ativar o eixo HHA que é responsável por uma resposta mais lenta, ocorrendo vários minutos após a exposição ao estressor. Quando da sua ativação, o eixo HHA aumentará a concentração de glicocorticoides circulantes, caracterizado por uma explosão secretória.
Deve-se lembrar que esses são eixos de resposta ao estresse agudo. Caso a ação estressora se torne crônica, haverá mudanças no funcionamento do sistema cardiovascular e geração de doenças.



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