sexta-feira, 1 de março de 2013

Resposta metabólica ao estresse


O seminário vem se aproximando e, como nós vamos falar sobre isso durante a apresentação, não podemos deixar de comentar sobre essas duas vias as quais o organismo é capaz de manter o equilíbrio interno quando se depara em situações de estresse. Tudo se inicia a partir do hipotálamo



       Esses são os dois caminhos pelos quais o organismo estimula a secreção de hormônios diretamente responsáveis pela resposta metabólica.  A ação conjunta desses hormônios  na corrente sanguínea promovem a vasoconstrição, a elevação da pressão sanguínea e da frequência cardíaca, além do aumento na concentração de glicose plasmática (a fim de gerar energia em casos de "luta ou fuga"),  caracterizando  o processo de Reatividade Cardiovascular ao Stress (já abordado anteriormente em outra postagem).





                                        Disfunção erétil
            

     Tem sido constatado que problemas de disfunção erétil e hipertensão arterial estão correlacionados e ocorre,  em   maior  frequência, em indivíduos que possuem doenças como a hipertensão arterial. A conexão  entre as duas pode  ser explicada  por  meio  do  endotélio  que,  danificado  pela  doença,  seria incapaz  de  proporcionar  uma dilatação suficiente no  leito  vascular  peniano,  causando  falhas  no  momento  da  ereção. A  integralidade  do endotélio é importante para a regulação do tônus vascular, do fluxo sanguíneo e da estrutura dos vasos e para  a  proteção  contra  a  trombose e  aterogênese.  A  formação  de  placas  de  ateroma  que  levam   a obstruções nos vasos arteriais é uma das principais causas da disfunção erétil, visto que as pequenas artérias cavernosas  são  mais  vulneráveis  à  obstrução.  O  endotélio  está  intimamente  relacionado  à  síntese  de   substâncias  vasodilatadoras, antiproliferativas e  plaquetárias  como,  por  exemplo,  o  óxido  nítrico,   fator hiperpolarizante dependente do endotélio (EDHF), prostaglandinas, bradicinina, o  que  evita  o  predomínio de fatores contráteis e impede a hiperplasia e hipertrofia da parede vascular. Alguns estudos demostram que homens hipertensos apresentavam maior espessura médio-intimal da carótida, menor dilatação mediada pelo fluxo da artéria braquial e níveis séricos mais elevados de marcadores inflamatórios quando comparados aos normotensos, características essas que aumentam ainda mais a probabilidade de apresentarem complicações como a disfunção erétil.
      
            Dessa forma, muitas pessoas recorrem a medicamentos, como o viagra, que tem como objetivo a vasodilatação das artérias penianas para o consequente aumento do fluxo sanguíneo dos corpos cavernosos que, repletos de sangue, provocam a ereção. O viagra é um inibidor da fosfodiesterase tipo 5(PDE5), uma isoenzima predominante nos corpos cavernosos. Para que a ereção ocorra, o óxido nítrico é liberado pelas terminações nervosas de neurônios não colinérgicos e não adrenérgicos (NANC) que estimula a guanilciclase(Gc) a formar a GMPc (principal mediador da vasodilatação do músculo liso das artérias do corpo cavernoso). O monofosfato de guanosina cíclico(GMPc) é metabolizado pela PDE5 e, como consequência, é convertido em monofosfato de guanosina(GMP), fazendo com que a ereção cesse pela perda da ação relaxante. Como o viagra inibe a PDE5,  a GMPC continua atuando até que a ação inibidora da isoenzima esteja sendo impedida pelo uso do viagra. 

                                    

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Adrenalina


É um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, liberado em estados excitatórios como atividades físicas, esforços físicos e pânico.
A adrenalina também é um neurotransmissor porque atua no sistema nervoso simpático.
Ela influencia no sistema cardiovascular mantendo a frequência cardíaca e a pressão arterial adequadas em condições de repouso ou de estresse.
Esse hormônio não consegue atravessar a membrana plasmática, desse modo sua atividade é facilitada pelos receptores α e β adrenérgicos que se dividem em α1 e α2, β1 e β2.
Os receptores α1 localizam-se nas células musculares lisas e sua ativação causa vasoconstrição. Sendo que isso acontece pela transdução de sinal da via da Fosfolipase C.
Primeiro a adrenalina se liga a α1 e em seguida ocorre o acoplamento do complexo hormônio-receptor que ativa a proteína G. Esta proteína estimula a fosfolipase C. Depois a fosfolipase C catalisa a hidrólise de PIP2 (fosfatidilinositol 4,5 – bisfosfato), que produz um segundo mensageiro o IP3 (1,2 – diacilglicerol). O IP3 causa a mobilização de cálcio que se liga a proteína calmodulina. O complexo Ca2+. Calmodulina ativa uma quinase, MLCK (quinase de cadeia leve de miosina), que fosforila a miosina ativando-a. Isto acarreta a contração muscular e consequentemente a vasoconstrição.
Os receptores α2 podem ser pré-sinápticos ou pós-sinápticos e também causam vasoconstrição.
Já os receptores β1 estão presentes no miocárdio e sua ativação aumenta a força de contração e a frequência cardíaca, elevando também a velocidade de relaxamento. Os receptores β2 localizam-se no músculo liso vascular, brônquico, gastrointestinal e genitourinário, causando vasodilatação.
A vasodilatação realizada pelos receptores β2 acontece pela via da proteína quinase A (PKA), que se resume da seguinte forma: a união do hormônio + receptor, modifica a proteína G (troca de GDP por GTP). A proteína G ativa a adenilato ciclase. Logo após, ocorre a produção de AMPc pela adenilato ciclase. O AMPc ativa a PKA e esta fosforila a MLCK que fica inativa. Dessa maneira com a MLCK inibida tem como resultado a vasodilatação.
Então, quanto maior a prática de atividade física mais ocorrerá a expressão de β2 e consequentemente a vasodilatação será predominante. O que pode ajudar na prevenção e no tratamento da Hipertensão Arterial. 


Referências Bibliográficas:

Bioquímica Básica/ Anita Marzzoco, Bayardo Baptista Torres – 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.



Hipertensão arterial & drogas


As drogas, além das suas diversas consequências, podem ser causadoras da hipertensão arterial. Elas podem causar elevação aguda da pressão arterial, diminuição das atividades dos medicamentos anti-hipertensivos ou agravamento dos casos se a doença já existe.
Algumas delas são os esteroides, antidepressivos, anti-inflamatórios não hormonais, álcool e drogas ilícitas como cocaína, as anfetaminas e derivados.
Essas drogas ou medicamentos podem causar uma elevação da pressão arterial por gerarem retenção de sódio e água e alterar a resistência vascular renal. Aquelas que são ilícitas proporcionam uma estimulação simpática elevada, podendo causar risco de vida.
A interrupção do tratamento, caso seja um medicamento, ou o fim do uso da droga, caso seja ilícita, além do tratamento com algum tipo de medicamento anti-hipertensivo podem promover um controle e/ou melhora do quadro.
Anti-depressivos
É uma causa adversa desse tipo de medicamento que podem causar elevação da pressão arterial quando associado com medicamentos simpatomiméticos (como os descongestionantes nasais) e alimentos conservados e que contenham tiramina (queijos, vinhos). Esse tipo de consequência dificilmente ocorre.
Contraceptivos orais
Ainda sem explicação efetiva, gera hipertensão arterial leve que é reversível com a sua suspensão, porém, é contraindicado para aquelas que já apresentam hipertensão arterial.
Esse tipo de medicamento retém sódio e água a partir do estrógeno e da progesterona nos contraceptivos. Além de já ter sido descoberto que aquelas que tomam contraceptivos por muitos anos apresentam estimulação do SRAA (aumento na produção de angiotensinogênio).
Cocaína
O uso crônico de cocaína pode causar hipertensão e até mesmo piorar o quadro de usuários já hipertensos. Causa hipertensão aguda associada à palpitação, sudorese e vermelhidão, além de insuficiência renal, podendo causar até mesmo infarto, arritmias e AVC’s como consequência do seu poder vasoconstritor.
Maconha
Proporciona o aumenta da frequência cardíaca e da pressão arterial sistólica. O delta-9-tetraidrocanabinol (THC), componente ativo da maconha, atua no sistema nervoso central interferindo no turnover de acetilcolina no hipocampo. Também aumenta a demanda de oxigênio para o cérebro num processo semelhante ao do estresse. Isso faz com que possa haver um agravamento em casos como os de hipertensão ou aterosclerose.
 Anfetaminas
As ações causadas pelo consumo de anfetaminas se assemelham aos da cocaína. Pode causar aumento súbito da pressão arterial, AVC e aneurismas como consequência da estimulação do SN simpático.
As anfetaminas, assim como a cocaína, estimulam a recaptação de adrenalina.
 Álcool
Seus efeitos são consequência da quantidade e da duração do consumo. A real causa da elevação da pressão arterial ainda não é totalmente comprovada, mas descreve-se estimulação do SN simpático, aumento na liberação de glicocorticoides e na captação de Ca2+ e aumento da resistência periférica. 





Referência:
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/9-2/hipertensao4.pdf

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Nicotina



Fumantes têm dificuldades para abandonar o vício devido à presença da nicotina (C10H14N2) na composição do cigarro, como já foi dito, a nicotina é uma droga psicoativa que causa dependência. Tal substância age em diversos sítios cerebrais, liberando neurotransmissores; os receptores em que a nicotina age são: os receptores colinérgicos nicotínicos.
Nas ações neuroquímicas da nicotina está um dos principais neurotransmissores: a Acetilcolina (Ach). A acetilcolina possui papel central no Sistema Nervoso e, quando liberada, é rapidamente removida da fenda sináptica por ação da acetilcolinesterase (AChE), que a hidrolisa a molécula de acetilcolina em colina e acetato; para tal, é necessário a presença de receptores específicos, neste caso, os nicotínicos, mas há também os muscarínicos.


Quando a nicotina se une aos receptores colinérgicos nicotínicos (nAchR), há elevada penetração de íons de cálcio e sódio para o interior do neurônio, isso causa efeitos neuroquímicos, como a liberação de outros neurotransmissores como: serotonina, dopamina, beta-endorfina, adrenalina, noradrenalina, etc, efeitos semelhantes aos de alguns antidepressivos. Desta maneira, a nicotina provoca liberação de acetilcolina, noradrenalina e adrenalina em sinapses fora dos gânglios causando, por exemplo, aumento da pressão arterial em até 10mn Hg e aumento dos batimentos cardíacos de 10 a 20 bpm.

Referencial

PALHANO, Ruy. Alcoolismo, Tabagismo e Abuso de drogas: implicações clínicas e psicossociais. São Luís. 2002.
ZIMMERMANN, Fernanda Francine et al. Efeitos da Nicotina sobre a acetilcolinesterase e parâmetros comportamentais em Peixe-Zebra (Danio rerio). X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Esteatose Hepática

  O fígado é um grande órgão localizado à direita na cavidade abdominal e responsável por várias funções que são vitais à manutenção do corpo humano. Considerado uma grande usina de processamento, por ele passa tudo aquilo que é absorvido no trato gastrointestinal. Sendo assim, é possível perceber que saúde e qualidade de vida não combinam de forma alguma com doenças hepáticas.
    Por isso, o advento da má alimentação rica em açúcares e gorduras vêm causando cada vez mais doenças como as esteatoses hepáticas, hepatites, cirrose e câncer.
  Nesse post vamos falar especialmente da esteatose hepática, uma doença que vem aumentando sua ocorrência cada vez mais, sendo consideradas uma das principais causas de cirrose hepática futuramente.
   A esteatose hepática ou síndrome do fígado gorduroso é caracterizada pelo o acúmulo de gordura nesse órgão, mais especificamente entre as células do fígado, os hepatócitos.
  O fígado humano naturalmente apresenta uma pequena quantidade de gordura, o que representa cerca de 10% do seu peso. Entretanto, quando há um excesso no acúmulo de gordura além desses habituais 10%, está havendo um acúmulo danoso dentro do tecido hepático.
diferença entre figado normal e com esteatose, que se encontra maior e amarelado como consequência do acúmulo de gordura e bilirrubina

   Antigamente, acreditava-se que esse acúmulo de gordura era consequência somente do excesso de bebidas alcoólicas. Porém, hoje sabe-se que a esteatose está se tornando muito frequente porque pode ser causada por outros fatores que hoje em dia se encontram muito comuns no estilo de vida da população. Doenças como a obesidade (cerca de 70% das pessoas com esteatose são obesas), diabetes mellitus tipo 2, colesterol alto e a hipertensão arterial, ou seja, a síndrome metabólica, são diretamente relacionadas com o acúmulo de gordura.
   A esteatose é uma doença silenciosa, que não costuma apresentar sintomas. Também não possui um tratamento específico, sendo o melhor tratamento a prevenção dos fatores de risco acima citados. A perda de peso ainda é a mais importante medida.

Você sabia que complicações geradas pela esteatose podem elevar a pressão arterial?
  Antes de seguir o seu trajeto rumo ao coração, o sangue vindo do estômago, baço, pâncreas e intestinos passa pela veia porta (grande veia responsável pela drenagem do sistema digestório) e pelo fígado.
 Quando o processo de esteatose se encontra muito evoluído, um processo de fibrose (substituição do parênquima hepático por tecido conjuntivo) começa a ocorrer, podendo gerar obstrução dessa veia porta, atrapalhando o trajeto sanguíneo. Essa obstrução causa "congestionamento sanguíneo" e, consequentemente, um aumento da pressão arterial, tanto na veia porta quanto nas outras veias gastrointestinais. Esse quadro é conhecido como hipertensão portal e podem causar cansaço, ascite (barriga d'água), circulação colateral e sangramento digestivo.

Sistema Calicreína - Cinina


Além do sistema vasoconstritor (sistema renina - angiotensina), existe também um outro chamado sistema calicreína - cinina (vasodilatador), que tem um papel significativo na etiologia da hipertensão e na patogênese dos danos a saúde a ela associados.





                Referências Bibliográficas:

                http://www.posugf.com.br/noticias/todas/185-fisiopatologia-da-hipertensao-arterial-por-dr-newton-nunes-saiba-mais
               http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42301999000100005&script=sci_arttext
              http://www.ebah.com.br/content/ABAAABQ3cAI/peptideos-vasoativos-rim