O que é o estresse?
A
Hipertensão Arterial é uma doença complexa quando se observa os caminhos, ou
seja, os fatores que culminam no estado de hipertenso de um indivíduo. Entre
esses vários fatores, se destaca atualmente o estresse.
Cada
vez mais, pesquisas têm ressaltado a relação do estresse com o surgimento da
hipertensão arterial. Já foi demonstrado que os tradicionais fatores de risco
(obesidade, tabagismo, idade, sexo e outros) correspondem a apenas metade
dos casos de doenças cardiovasculares, sendo as influências emocionais um dos
principais desencadeadores.
A conturbada vida nos grandes
centros urbanos, as decisões no trabalho, a família, a violência, os congestionamentos
cada dia maiores e muitas outras situações que são cotidianas nas nossas vidas
geram um desequilíbrio no organismo e, por isso, são considerados fatores
estressores. Essas situações anteriormente citadas são consideradas agentes estressores negativos e de
amplo conhecimento popular, entretanto, situações prazerosas também são
consideradas estressores por também causarem desequilíbrios que geram as mesmas
reações no organismo.
Sendo assim, o estresse pode ser
definido como uma cascata de reações neuroendócrinas
e bioquímicas criadas pelo organismo para gerar uma resposta (que pode
durar milissegundos ou dias) frente a
uma situação que demanda uma atitude de fuga ou enfrentamento. Todas essas
reações que ocorrerão no corpo buscam manter a homeostase do organismo.
Primeiro estudo do estresse
O primeiro experimento que demonstrou as reações do organismo diante
de estressores foi realizado pelo endocrinologista Hales Selye, na universidade
canadense de McGill, em 1936.
Buscando novos hormônios na placenta, Selye observou várias mudanças
quando se injetava certa quantidade de substrato da própria placenta nos ratos
estudados. Entretanto, concluiu que essas mudanças não poderiam ser
consequência do substrato placentário que fora injetado, visto que até mesmo os
ratos de controle, que foram injetados com placebo, apresentaram as mesmas
reações. Sendo assim, Selye supôs que a injeção
e/ou a manipulação durante o
experimento seriam as causas dessas variações.
Para confirmar essa hipótese, os
ratos receberam diversos estímulos como frio, excesso de exercícios,
intoxicação e injúria tecidual e, mesmo com os vários estímulos diferentes,
apresentaram os mesmos resultados. Sendo assim, Selye concluiu que, na verdade,
se tratava de uma reação geral de
alarme que adaptava o organismo a uma determinada situação sendo
chamado posteriormente de síndrome de
adaptação geral, que causava úlceras gástricas, hipertrofia das
glândulas adrenais e uma diminuição do baço, timo e gânglios linfáticos.
Quando, em 1936, a pesquisa foi publicada na
revista Nature, o termo reação de alarme foi substituído pela palavra stress
que se consagrou em várias línguas e era empregado desde 1658 para se
referir à forças de deformação em um material.
Introdução à Fisiologia do
estresse
A reação de cascata ocasionada
pelo estresse é realizada pelo sistema nervoso autônomo (SNA) e pelo eixo hipófise-hipotálamo-adrenal (HHA) além de outras regiões que permitem ações
complementares na resposta do organismo.
Por meio da inervação dos
órgãos-alvo, o SNA (simpático e parassimpático) é o responsável pela resposta
mais rápida ao agente estressor, mudando rapidamente os estados fisiológicos do
organismo como, por exemplo, aumentando a frequência cardíaca e a pressão
arterial por meio da liberação dos hormônios adrenalina e noradrenalina. Como
consequência do sistema parassimpático, essa resposta diminui rapidamente.
O estresse também irá ativar o
eixo HHA que é responsável por uma resposta mais lenta, ocorrendo vários
minutos após a exposição ao estressor. Quando da sua ativação, o eixo HHA
aumentará a concentração de glicocorticoides circulantes, caracterizado por uma
explosão secretória.
Deve-se lembrar que esses são
eixos de resposta ao estresse agudo. Caso a ação estressora se torne crônica,
haverá mudanças no funcionamento do sistema cardiovascular e geração de
doenças.
Não há problema com o estresse e sim com a forma com que lidamos com ele!
Referências