quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Adrenalina


É um hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, liberado em estados excitatórios como atividades físicas, esforços físicos e pânico.
A adrenalina também é um neurotransmissor porque atua no sistema nervoso simpático.
Ela influencia no sistema cardiovascular mantendo a frequência cardíaca e a pressão arterial adequadas em condições de repouso ou de estresse.
Esse hormônio não consegue atravessar a membrana plasmática, desse modo sua atividade é facilitada pelos receptores α e β adrenérgicos que se dividem em α1 e α2, β1 e β2.
Os receptores α1 localizam-se nas células musculares lisas e sua ativação causa vasoconstrição. Sendo que isso acontece pela transdução de sinal da via da Fosfolipase C.
Primeiro a adrenalina se liga a α1 e em seguida ocorre o acoplamento do complexo hormônio-receptor que ativa a proteína G. Esta proteína estimula a fosfolipase C. Depois a fosfolipase C catalisa a hidrólise de PIP2 (fosfatidilinositol 4,5 – bisfosfato), que produz um segundo mensageiro o IP3 (1,2 – diacilglicerol). O IP3 causa a mobilização de cálcio que se liga a proteína calmodulina. O complexo Ca2+. Calmodulina ativa uma quinase, MLCK (quinase de cadeia leve de miosina), que fosforila a miosina ativando-a. Isto acarreta a contração muscular e consequentemente a vasoconstrição.
Os receptores α2 podem ser pré-sinápticos ou pós-sinápticos e também causam vasoconstrição.
Já os receptores β1 estão presentes no miocárdio e sua ativação aumenta a força de contração e a frequência cardíaca, elevando também a velocidade de relaxamento. Os receptores β2 localizam-se no músculo liso vascular, brônquico, gastrointestinal e genitourinário, causando vasodilatação.
A vasodilatação realizada pelos receptores β2 acontece pela via da proteína quinase A (PKA), que se resume da seguinte forma: a união do hormônio + receptor, modifica a proteína G (troca de GDP por GTP). A proteína G ativa a adenilato ciclase. Logo após, ocorre a produção de AMPc pela adenilato ciclase. O AMPc ativa a PKA e esta fosforila a MLCK que fica inativa. Dessa maneira com a MLCK inibida tem como resultado a vasodilatação.
Então, quanto maior a prática de atividade física mais ocorrerá a expressão de β2 e consequentemente a vasodilatação será predominante. O que pode ajudar na prevenção e no tratamento da Hipertensão Arterial. 


Referências Bibliográficas:

Bioquímica Básica/ Anita Marzzoco, Bayardo Baptista Torres – 3ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.



Hipertensão arterial & drogas


As drogas, além das suas diversas consequências, podem ser causadoras da hipertensão arterial. Elas podem causar elevação aguda da pressão arterial, diminuição das atividades dos medicamentos anti-hipertensivos ou agravamento dos casos se a doença já existe.
Algumas delas são os esteroides, antidepressivos, anti-inflamatórios não hormonais, álcool e drogas ilícitas como cocaína, as anfetaminas e derivados.
Essas drogas ou medicamentos podem causar uma elevação da pressão arterial por gerarem retenção de sódio e água e alterar a resistência vascular renal. Aquelas que são ilícitas proporcionam uma estimulação simpática elevada, podendo causar risco de vida.
A interrupção do tratamento, caso seja um medicamento, ou o fim do uso da droga, caso seja ilícita, além do tratamento com algum tipo de medicamento anti-hipertensivo podem promover um controle e/ou melhora do quadro.
Anti-depressivos
É uma causa adversa desse tipo de medicamento que podem causar elevação da pressão arterial quando associado com medicamentos simpatomiméticos (como os descongestionantes nasais) e alimentos conservados e que contenham tiramina (queijos, vinhos). Esse tipo de consequência dificilmente ocorre.
Contraceptivos orais
Ainda sem explicação efetiva, gera hipertensão arterial leve que é reversível com a sua suspensão, porém, é contraindicado para aquelas que já apresentam hipertensão arterial.
Esse tipo de medicamento retém sódio e água a partir do estrógeno e da progesterona nos contraceptivos. Além de já ter sido descoberto que aquelas que tomam contraceptivos por muitos anos apresentam estimulação do SRAA (aumento na produção de angiotensinogênio).
Cocaína
O uso crônico de cocaína pode causar hipertensão e até mesmo piorar o quadro de usuários já hipertensos. Causa hipertensão aguda associada à palpitação, sudorese e vermelhidão, além de insuficiência renal, podendo causar até mesmo infarto, arritmias e AVC’s como consequência do seu poder vasoconstritor.
Maconha
Proporciona o aumenta da frequência cardíaca e da pressão arterial sistólica. O delta-9-tetraidrocanabinol (THC), componente ativo da maconha, atua no sistema nervoso central interferindo no turnover de acetilcolina no hipocampo. Também aumenta a demanda de oxigênio para o cérebro num processo semelhante ao do estresse. Isso faz com que possa haver um agravamento em casos como os de hipertensão ou aterosclerose.
 Anfetaminas
As ações causadas pelo consumo de anfetaminas se assemelham aos da cocaína. Pode causar aumento súbito da pressão arterial, AVC e aneurismas como consequência da estimulação do SN simpático.
As anfetaminas, assim como a cocaína, estimulam a recaptação de adrenalina.
 Álcool
Seus efeitos são consequência da quantidade e da duração do consumo. A real causa da elevação da pressão arterial ainda não é totalmente comprovada, mas descreve-se estimulação do SN simpático, aumento na liberação de glicocorticoides e na captação de Ca2+ e aumento da resistência periférica. 





Referência:
http://departamentos.cardiol.br/dha/revista/9-2/hipertensao4.pdf

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Nicotina



Fumantes têm dificuldades para abandonar o vício devido à presença da nicotina (C10H14N2) na composição do cigarro, como já foi dito, a nicotina é uma droga psicoativa que causa dependência. Tal substância age em diversos sítios cerebrais, liberando neurotransmissores; os receptores em que a nicotina age são: os receptores colinérgicos nicotínicos.
Nas ações neuroquímicas da nicotina está um dos principais neurotransmissores: a Acetilcolina (Ach). A acetilcolina possui papel central no Sistema Nervoso e, quando liberada, é rapidamente removida da fenda sináptica por ação da acetilcolinesterase (AChE), que a hidrolisa a molécula de acetilcolina em colina e acetato; para tal, é necessário a presença de receptores específicos, neste caso, os nicotínicos, mas há também os muscarínicos.


Quando a nicotina se une aos receptores colinérgicos nicotínicos (nAchR), há elevada penetração de íons de cálcio e sódio para o interior do neurônio, isso causa efeitos neuroquímicos, como a liberação de outros neurotransmissores como: serotonina, dopamina, beta-endorfina, adrenalina, noradrenalina, etc, efeitos semelhantes aos de alguns antidepressivos. Desta maneira, a nicotina provoca liberação de acetilcolina, noradrenalina e adrenalina em sinapses fora dos gânglios causando, por exemplo, aumento da pressão arterial em até 10mn Hg e aumento dos batimentos cardíacos de 10 a 20 bpm.

Referencial

PALHANO, Ruy. Alcoolismo, Tabagismo e Abuso de drogas: implicações clínicas e psicossociais. São Luís. 2002.
ZIMMERMANN, Fernanda Francine et al. Efeitos da Nicotina sobre a acetilcolinesterase e parâmetros comportamentais em Peixe-Zebra (Danio rerio). X Salão de Iniciação Científica – PUCRS, 2009.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Esteatose Hepática

  O fígado é um grande órgão localizado à direita na cavidade abdominal e responsável por várias funções que são vitais à manutenção do corpo humano. Considerado uma grande usina de processamento, por ele passa tudo aquilo que é absorvido no trato gastrointestinal. Sendo assim, é possível perceber que saúde e qualidade de vida não combinam de forma alguma com doenças hepáticas.
    Por isso, o advento da má alimentação rica em açúcares e gorduras vêm causando cada vez mais doenças como as esteatoses hepáticas, hepatites, cirrose e câncer.
  Nesse post vamos falar especialmente da esteatose hepática, uma doença que vem aumentando sua ocorrência cada vez mais, sendo consideradas uma das principais causas de cirrose hepática futuramente.
   A esteatose hepática ou síndrome do fígado gorduroso é caracterizada pelo o acúmulo de gordura nesse órgão, mais especificamente entre as células do fígado, os hepatócitos.
  O fígado humano naturalmente apresenta uma pequena quantidade de gordura, o que representa cerca de 10% do seu peso. Entretanto, quando há um excesso no acúmulo de gordura além desses habituais 10%, está havendo um acúmulo danoso dentro do tecido hepático.
diferença entre figado normal e com esteatose, que se encontra maior e amarelado como consequência do acúmulo de gordura e bilirrubina

   Antigamente, acreditava-se que esse acúmulo de gordura era consequência somente do excesso de bebidas alcoólicas. Porém, hoje sabe-se que a esteatose está se tornando muito frequente porque pode ser causada por outros fatores que hoje em dia se encontram muito comuns no estilo de vida da população. Doenças como a obesidade (cerca de 70% das pessoas com esteatose são obesas), diabetes mellitus tipo 2, colesterol alto e a hipertensão arterial, ou seja, a síndrome metabólica, são diretamente relacionadas com o acúmulo de gordura.
   A esteatose é uma doença silenciosa, que não costuma apresentar sintomas. Também não possui um tratamento específico, sendo o melhor tratamento a prevenção dos fatores de risco acima citados. A perda de peso ainda é a mais importante medida.

Você sabia que complicações geradas pela esteatose podem elevar a pressão arterial?
  Antes de seguir o seu trajeto rumo ao coração, o sangue vindo do estômago, baço, pâncreas e intestinos passa pela veia porta (grande veia responsável pela drenagem do sistema digestório) e pelo fígado.
 Quando o processo de esteatose se encontra muito evoluído, um processo de fibrose (substituição do parênquima hepático por tecido conjuntivo) começa a ocorrer, podendo gerar obstrução dessa veia porta, atrapalhando o trajeto sanguíneo. Essa obstrução causa "congestionamento sanguíneo" e, consequentemente, um aumento da pressão arterial, tanto na veia porta quanto nas outras veias gastrointestinais. Esse quadro é conhecido como hipertensão portal e podem causar cansaço, ascite (barriga d'água), circulação colateral e sangramento digestivo.

Sistema Calicreína - Cinina


Além do sistema vasoconstritor (sistema renina - angiotensina), existe também um outro chamado sistema calicreína - cinina (vasodilatador), que tem um papel significativo na etiologia da hipertensão e na patogênese dos danos a saúde a ela associados.





                Referências Bibliográficas:

                http://www.posugf.com.br/noticias/todas/185-fisiopatologia-da-hipertensao-arterial-por-dr-newton-nunes-saiba-mais
               http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-42301999000100005&script=sci_arttext
              http://www.ebah.com.br/content/ABAAABQ3cAI/peptideos-vasoativos-rim

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Hipertensão e Tabagismo



Existem evidências de que o fumo induz o aumento na pressão arterial, homens que fumam 20 cigarros por dia apresentam pouco mais que o dobro de probabilidade de desenvolver hipertensão arterial ao longo de 11 anos. Em um estudo realizado com dez fumantes, os participantes fumaram um cigarro a cada 15 minutos durante sessenta minutos (1 hora), e foi feito acompanhamento da medida da pressão arterial e da frequência cardíaca, desta maneira, foi observado que:
  • Após o fumo do primeiro cigarro, houve elevação aguda da pressão arterial  sistólica, com pico entre 2 e 4 minutos após o ato de fumar,  e permaneceu elevada pelos 15 minutos subsequentes;
  • A pressão diastólica também se elevou  de forma significante, e associadamente, houve taquicardia mantida ao longo do tempo de estudo.
A resposta da pressão arterial ao fumo é tão intensa que leva ao aumento da pressão arterial ambulatorial dos indivíduos fumantes. O aumento ocorre nos valores absolutos da pressão arterial, mas há também variação de 30%  aproximadamente nos desvios padrões da pressão arterial diastólica  e da pressão arterial média.
Tal variação da  pressão arterial está implicada no desenvolvimento de lesões de órgãos-alvo da hipertensão arterial (hipertrofia de ventrículo esquerdo, doença renal, infartos lacunares etc.). Portanto, o fumo exerce um importante efeito hipertensivo, que associado a alterações hemodinâmicas, pode ser responsável pelo aumento de risco cardiovascular associado  ao tabagismo.

Referencial

GIORGI, Dantas Marcelo Artigas. Revista Hipertensão. Sociedade Brasileira de hipertensão. 2010. Ano 13, Volume 13, Número 4.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Apneia do Sono e a Hipertensão Arterial


Primeiramente é necessário entender em que consiste a apneia do sono. Esta é uma doença que afeta a qualidade do sono por acarretar várias paradas respiratórias em decorrência da obstrução das vias aéreas superiores. Estudos detectaram uma maior incidência dos casos de apneia em indivíduos hipertensos com fatores de risco como obesidade, sexo masculino e presença de ronco.
A apneia pode causar hipertensão arterial devido à hipoxemia (queda de O2), hipercarbia (aumento de CO2), aumento da pressão intratorácica afetando a regulação dos mecanismos da pressão arterial, como hormônios e neurotransmissores.
Além disso, pessoas com síndrome de apneia do sono podem ter atividade simpática elevada, os barorreceptores ficam com menos sensibilidade, o metabolismo de sal e água é alterado e a resposta vascular aumenta, contribuindo para a elevação da PA.
Por causa da hipoxemia e acidose que ocorrem durante a crise de apneia há um estímulo dos quimiorreceptores carotídeos. Estes aumentam a resistência vascular periférica por elevar a vasoconstrição.
Alguns estudos revelam que o organismo ao tentar se adaptar a hipoxemia podem ocorrer alterações nos quimiorreceptores carotídeos, na sensibilidade central a queda de oxigênio e maior quimiossensibilidade periférica. O que explica a elevação da pressão arterial durante o dia em pessoas com apneia do sono.
Medidas preventivas podem amenizar os riscos de apneia do sono, como por exemplo: diminuição do peso nos adultos obesos, evitar o consumo de álcool, de tabaco e tranquilizante um pouco antes de dormir.
Em 50% dos casos, o tratamento cirúrgico mostrou-se eficaz, no qual é removido o excesso de tecido mole da parte posterior da orofaringe (amídalas, úvula e parte do palato). Contudo o meio de tratamento mais eficiente é CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas). Este é de natureza mecânica em que o indivíduo dorme com uma máscara nasal conectada a um gerador de fluxo de ar. A pressão do ar gerada evita o colapso das vias aéreas e abole completamente os distúrbios respiratórios noturnos.
A apneia do sono pode ser um fator de risco para a hipertensão, mas também pode afetar pessoas já hipertensas prejudicando a qualidade de vida. Então, é importantíssimo o seu tratamento melhorando assim a função cardíaca e diminuindo os seus efeitos nos níveis da pressão arterial.


Referências Bibliográficas:



sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Inoculação do estresse


Terminamos a última postagem falando que existem práticas que podem diminuir a reatividade cardiovascular do organismo frente ao estresse.
Pois bem, existem métodos e estilos de vida que ajudam no controle e na redução do estresse, além de gerarem uma melhora imunitária, como as atividades físicas (que interferem muito na parte emocional), meditação, a prática do Yoga e, se necessário, tratamento psicoterápicos. Tudo isso gera grandes benefícios cardiovasculares.
Sendo assim, na década de 80 surgiu a técnica de Inoculação do Stress, que seria “treinar” psicologicamente um indivíduo para uma situação de estresse antes mesmo que ela ocorra, desenvolvendo assim as formas de enfrentamento durante uma situação real.
E esses “treinamentos” são justamente os métodos que foram ditos anteriormente, sendo comprovado que a atividade física é mais eficaz do que apenas o relaxamento e a psicoterapia, e que juntos são muito mais potentes.
Deste modo, frente a uma situação de estresse, o organismo promove uma reatividade cardiovascular, uma resposta na busca do equilíbrio. Porém, a redução dessa reatividade é importante na vida cotidiana para alcançar a homeostase e uma maior qualidade de vida e pode ser realizada por meio da inoculação do estress.
Portanto, a atividade física é de extrema importância, pois enquanto se exercita, o corpo vai se adaptando ao aumento da pressão arterial, da frequência cardíaca e dos hormônios do stress que acontecem durante essa prática. Isso faz com que o organismo se torne fortalecido e preparado para que, quando se depare com uma situação de flight or fight, ou seja, de estresse mental, responda de forma mais tênue do que faria sem um “preparo prévio”.
A atividade física e o condicionamento resultante dela estão diretamente ligados à redução dos níveis cardiovasculares durante e após o estresse, além de proteger o corpo das consequências que viriam dele.
Vale lembrar que a atividade física promove melhorias na aptidão cerebral, na secreção de substâncias como a serotonina, dopamina, norepinefrina e β-endorfina (que está relacionada à saúde mental e bem-estar). Tudo isso proporciona uma melhora na resposta corporal.

Referências:
http://www.unisuam.edu.br/corpus/pdf/Volume2n2/Artigo_1_volume2_n2.pdf

Reatividade Cardiovascular ao estresse


    Já falamos um pouco nesse blog sobre as interferências de um estilo de vida estressante no surgimento da hipertensão arterial e, consequentemente, de doenças cardiovasculares.
    Como sabemos, o estresse já faz parte de nossas vidas e basta a nós o seu controle para levar uma vida com qualidade, afinal, não devemos esquecer que o maior problema não é o estresse (que é simplesmente uma forma de defesa do nosso organismo) mas sim a forma com que lidamos com ele.
  Quando estamos frente a uma situação estressora, podemos reagir bem e nos adaptarmos, mas novos estímulos sempre virão e, nem sempre poderão ser controlados. A partir daí, surgem os distúrbios e doenças “típicas do estresse”.
   Nessas situações há um aumento da frequência cardíaca, da pressão arterial, das catecolaminas (adrenalina, noradrenalina, dopamina) e da atividade do sistema nervoso. Isso se chama Reatividade Cardiovascular ao estresse, que pode gerar ataque cardíaco e, se crônico, hipertensão arterial.
      

resposta ao estresse

  Essa reatividade cardiovascular, como pode ser observada, nada mais é do que os mecanismos que o organismo encontra para se adaptar a uma situação que não está acostumado e que gera um desequilíbrio para ele. Entretanto, essas adaptações podem sobrecarregá-lo e causar as consequências que todos nós já sabemos, sejam elas de forma súbita ou prolongada.
  Entretanto, existem técnicas e práticas que ajudam as pessoas a controlar essa resposta do organismo e, dessa forma, promovem uma maior qualidade na saúde... mas isso é assunto para outra postagem. 

Referências:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-79722009000100009&script=sci_arttext
http://www.unisuam.edu.br/corpus/pdf/Volume2n2/Artigo_1_volume2_n2.pdf

       

                         Ânions Superóxidos e efeito vasoconstritor


        A hipertensão arterial pode ser gerada pela diminuição da disponibilidade de óxido nítrico (NO), já que algumas substâncias são capazes de neutralizar seu efeito cardioprotetor. O stress oxidativo causado pela intensa exposição aos superóxidos, também conhecidos como EROS (espécie reativa de oxigênio), causa a redução da vasodilatação proveniente do NO. Alguns estudos demonstram que a alta atividade da enzima NADPH oxidase ( estimulada pela angiostensina II e  por fatores vasoativos e físicos como aquele causado pelo shear stress), produz uma grande quantidade de ânions superóxidos(O2-).
As EROS são importantes para a manutenção da integralidade vascular e para a regulação da função endotelial quando são produzidas em baixa concentração. Porém, quando são produzidas em altas quantidades, os ânions superóxidos reagem com o NO pelo fato de possuírem uma grande afinidade por ele. Essa reação formará o peroxinitrito (ONOO-) que reduz a concentração de NO e, consequentemente, seu efeito vasodilatador.
Para a redução da ocorrência dessa disfunção endotelial causada pela falta de biodisponibilidade do NO, a alta produção de antioxidantes é uma forma de impedir a formação do peroxinitrito. Os antioxidantes podem ser tanto químicos; como a glutationa, vitaminas C e E e os β-caroteno; quanto enzimáticos, como é o caso do superóxido dismutase ( SOD).  Há um grande destaque ao SOD devido sua função promissora que combate o efeito danoso ao organismo induzido pelo aumento da concentração das EROs , já que possui uma grande afinidade com os ânions superóxidos. Quando ocorre a reação entre  O2-  e  SOD, a produção dos ONOO- é impedida, e dois aspectos importantes que beneficiam o sistema cardiovascular podem ocorrer:
 - Aumento da quantidade de óxido nítrico disponível devido à redução da concentração de O2- no sistema.
 - Produção de peróxido de hidrogênio (H2O2) que ativa a NF-kB (mecanorreceptor que se localiza nas células endoteliais). Esse mecanorreceptor aumenta a expressão gênica da enzima óxido Nítrico sintase (eNOS) e a produção de NO será estimulada por meio dessa  enzima catalítica.
Dessa forma, a incidência da hipertensão arterial pode ser reduzida através da atuação da atividade da SOD que estabelece o funcionamento normal do óxido nítrico. A falta da atuação desse superóxido pode trazer prejuízos à vasodilatação causada pelo NO, devido ao aumento das concentrações de EROS. Um importante mecanismo que estimula o aumento da atividade da SOD é através do shear stress proveniente da prática de exercícios físicos.


                    



Referências bibliográficas:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0066-782X2010000500018&script=sci_arttext
http://revistas.unipar.br/saude/article/viewFile/2799/2085

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Anti-hipertensivos






    O uso de medicamentos na hipertensão arterial é prescrito para hipertensos ou para pacientes que apresentam evidências de lesões em órgãos-alvo da hipertensão, como hipertrofia ventricular esquerda ou infarto do miocárdio prévio.
     Atualmente, temos uma infinidade de medicamentos para o controle da pressão arterial. A escolha por qual tipo de medicamento deve levar em conta questões individuais de cada paciente, mas sabe-se que cerca de 70% ou mais dos hipertensos vão precisar de duas ou mais categorias de anti-hipertensivos  para o controle adequado da pressão arterial.
     Infelizmente, por ser crônica, assintomática e incurável, a maioria dos hipertensos desistem do tratamento. Em estudos recentes, foi encontrado que menos de 10% dos hipertensos têm um controle satisfatório da pressão arterial.
     Categorias de anti-hipertensivos:

- Diuréticos: exemplo: indapamida.
   A ação anti-hipertensiva dos diuréticos tem relação com os efeitos diurético e natriurético (eliminação de líquidos e sódio pela urina). Como anti-hipertensivos, são mais prescritos os diuréticos tiazídicos (que atuam no túbulo distal, aumentando a secreção de urina e também agem na vasodilatação). Existem também os diuréticos de alça (ex: furosemida), usados em casos de hipertensão arterial associada insuficiência renal ou cardíaca com retenção de líquidos.
Atenção: o uso pode causar aumento dos níveis de glicose e de triglicerídeos, dependendo da dose e da duração do tratamento.

- Vasodilatadores:
    Provocam o relaxamento da musculatura lisa dos vasos sanguíneos pela ativação dos canais de potássio nas células, permitindo o efluxo celular.

- Bloqueadores dos canais de cálcio: exemplo: besilato de anlodipino (Amlovasc)
   É um dos mais escolhidos no combate à hipertensão. Inibe a entrada de cálcio na célula muscular lisa, em consequência de uma competição entre eles promovendo uma diminuição da resistência periférica. E, vale lembrar que eles não causam retenção de sódio.

- Inibidores da enzima de conversão da angiotensina ( inibidores da ECA ): exemplo: captopril, enalapril

    Agem inibindo a enzima de conversão da angiotensina, bloqueando a transformação da angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. A angiotensina II promove a vasoconstrição e aumenta a pressão arterial .
- Em associação a um diurético,a ação anti-hipertensiva dos inibidores da ECA é mais potente.
- Entretanto, esse tipo de remédio apresenta um problema. A angiotensina II também é produzida por outras vias que não a do sistema renina, podendo aumentar a pressão arterial por meio de angiotensina II vinda dessas outras vias, as quais estão fora dos inibidores da ECA.
- Bloqueadores do receptor de angiotensina II: exemplo: valsartana, losartana
  Esse remédio bloqueia o ponto final para a vasoconstrição, que é o receptor de angiotensina II, o AT1. É vantajoso em relação ao medicamento anterior por bloquear qualquer ligação da angiotensina II, seja ela vinda de qualquer via. 


Referências:
(acessado em 26/01/2013)

Hipertensão Arterial Refratária


Também chamada de Hipertensão Resistente é  um quadro clínico em que o paciente mesmo utilizando três ou mais anti-hipertensivos (sendo um diurético), a sua pressão arterial se mantém sempre elevada, acima de 14 por 9.
Os principais fatores que podem causar a hipertensão arterial refratária são: alta atividade do sistema simpático, tono do músculo liso vascular e volemia aumentados e hiperatividade do sistema renina- angiotensina- aldosterona. Essa última causa além dos fatores peptídeos atriais natriuréticos, receptores atriais e renais da pressão que controlam a quantidade corporal do sódio, quando efetuam uma maior retenção de Na+ e água pode acarretar a refratariedade aos anti-hipertensivos.
Hipertensos de difícil controle também possuem disfunção endotelial e menor biodisponibilidade vascular de óxido nítrico (NO). O primeiro caso induz hipertrofia e hiperplasia da musculatura lisa vascular e muita matriz extracelular, que agrava o quadro hipertensivo. O segundo causa remodelamento vascular por aumentar o volume dos cardiomiócitos.
Estudos feitos dizem que variações genéticas (polimorfismos) podem afetar o desempenho de medicamentos. Assim alterações nas enzimas do citocromo P450 modificam a cinética de anti-hipertensivos. Variações em CYP2C9 afetam a resposta aos antagonistas de receptores do tipo I da angiotensina II. Polimorfismos da CYP2D6 e da CYP3A4 modificam a atividade de betabloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio, respectivamente.
A apneia obstrutiva do sono também possui influencia na hipertensão refratária. Ela aumenta o tono simpático com elevação das catecolaminas séricas, maior concentração de angiotensina II e aldosterona no plasma devido a hipoxia (queda de oxigenação) e hipercapnia (aumento do CO2 no sangue arterial), elevação da pressão negativa intratorácica, diminuição reversível da responsividade vascular à bradicinina e menor sensibilidade barorreceptora.

ð Diagnóstico:
  •  Ao realizar a monitoração da pressão arterial deve-se:
  • Descartar a hipertensão do avental branco;
  • Avaliar a eficácia da terapia;
  • Identificar apneia do sono;
  • Identificar risco cardiovascular. Este é causado por altos níveis da pressão arterial diastólica;
  • Descartar a pseudo-hipertensão.

Essa avaliação também é útil para detectar queda de pressão arterial noturna em hipertensos refratários, que aumenta o risco cardiovascular, sendo necessária a reavaliação posológica dos anti-hipertensivos utilizados.
Depois dessa fase, para confirmar o quadro clínico de hipertensão refratária é importante realizar exames específicos, como por exemplo, a dosagem de renina e aldosterona para hiperaldosteronismo primário.
Com isso o tratamento farmacológico se baseia nas características fisiopatológicas da hipertensão refratária e na cinética/dinâmica dos anti-hipertensivos.

NOTA: Hipertensão do avental branco: é quando a pressão arterial medida no ambiente hospitalar é maior do que a obtida fora dele.
Pseudo-hipertensão: ocorrem variações nos valores pressóricos obtidos com manguito braquial (elevado) e com cateterismo intraarterial (menor).

Referência Bibliográfica: